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Horta – cidade inconformada

 

Um dia destes viajei até à Horta, sem outro intuito que não fosse observar a cidade, enquanto arranjavam o meu carro, na Madalena.

A opção não foi a mais acertada,pois apanhei uma valente molha em cima do cais, eu e todos os passageiros, nomeadamente, idosos e crianças, enquanto os marinheiros retiravam, do interior do barco e com grande calma, algumas peças de automóveis. Barafustei: « isto é pior que o terceiro mundo »; mas um jovem atalhou: « isto é o décimo mundo! », »não se percebe por que não colocam aqui uma manga para os passageiros não se molharem ».  Alagado dos pés à cabeça, entrei no barco e disse ao mestre que passava indiferente: « porque é que umas peças de automóveis valem mais que pessoas à chuva? » O homem não respondeu, entrou na cabine do comando, provavelmente, pensando que nada tinha a ver com isso, que a empresa « Portos dos Açores » é que devia tratar melhor os passageiros, que a gente aqui faz o nosso serviço o melhor que sabemos e podemos...

Do outro lado do canal, uma cidade a crescer para os lados da Alagoa, onde está a ser construída uma grande estrutura portuária, destinada às ligações inter-ilhas.

Os faialenses, não lhe dão grande importância e, na sua verve crítica, dizem que talvez fosse melhor ampliar a doca para receber navios cruzeiros, porque o cais já é pequeno. Curiosamente, o paquete « Athena », um velho navio de luxo, em trânsito para as Caraíbas, estava só, no velho porto artificial.

Junto à Avenida marginal, a marina abriga dezenas e dezenas de iates e embarcações de recreio pois os pequenos veleiros que atravessam o Atlantico Norte, já regressaram à Europa. De volta à América Central, procedentes do Mediterrâneo, estão os grandes iates, prestes a passar, ostentando a opulência das grandes fortunas.

A Horta é, de facto, um cais obrigatório de escala do iatismo e começa a ser, também, um centro de prestação de serviços e de observação de cetáceos. Junto ao velho cais de Santa Cruz, aninham-se, em pequenas casas de madeira, empresas destinadas a esse fim e, mesmo em dia de chuva, as embarcações não deixam de sair para observar baleias, golfinhos e demais mamíferos marinhos.

Oxalá o whale-watching, autentica galinha dos ovos de ouro, não descure a vertente técnico-científica e tenha o máximo cuidado no transporte dos  visitantes, utilizando modernas e cómodas embarcações, que serão a maior promoção deste destino singular.

É neste segmento de mercado que temos de apostar, fortemente.

A cidade da Horta tem condições excecionais porque todo o casario corre para o mar, sob o olhar e proteção da Montanha do Pico que empresta à ilha azul o cenário mais belo do triângulo.

Há anos, houve quem defendesse as potencialidades e complementaridade das três ilhas. No entanto, já o Faial levava vantagem como centro urbano, cidade capital de distrito e com infraestuturas e serviços inexistentes nas outras duas ilhas. Mais tarde, os políticos regionais do início da autonomia não deixaram cair os pergaminhos faialenses e fixaram lá a sede do Parlamento.

A tri-centralidade insular começou a alterar-se, a partir da construção dos portos comerciais e dos aeroportos.

O porto do Pico permitiu que as casas comerciais faialenses perdessem influência no abastecimento de mercadorias. O comércio da Horta ressentiu-se e não se adaptou às novas circunstâncias.

A inevitabilidade de mais ligações de médio curso com o aeroporto do Pico, provocará novos constrangimentos e uma forte e escondida pressão na capital, para que nada se altere. Mas não vale a pena retardar a evolução.

Mais cedo ou mais tarde, a complementaridade do triângulo funcionará e proporcionará novas vantagens aos empresários e ao desenvolvimento insular.

No « canto da doca », olhando a cidade-mar, Helder Castro dizia-me: « Eu acho que o aeroporto do Pico deve receber voos charters. Ganhava o Pico e ganhava o Faial porque estamos aqui a dois passos. » E continuava: « sei que na Horta há muita gente que pensa o contrário, mas julgo que estão errados. »

Terminado o meu passeio pela cidade, concluí: o que precisamos é de ser criativos e menos conservadores nos investimentos que, aqui e ali ainda vão surgindo.

O tempo dos aventureiros, olheiros da lua e do mar, deu lugar ao iatismo orientado por satélites. Quem compreender estas mudanças, certamente, vai ter futuro.

 

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